SINOPSE
É sexta-feira dia 5. Dia de cextas de Cultura. A casa está cheia. O cartaz indica em letras garrafais o nome da artista: La Tobala. Em letras mais modestas: Flamenco. Diz-se que é a expressão da Andaluzia. Expressão do povo cigano. Canto e dança. De festa e de lamento. E de alegria e de união. Isso, de união! União da alma e do corpo.
É este fundamento da cultura depurada pelos anos, que o povo cigano destilou na sua pátria ibérica – a Andaluzia, cuja capital é Sevilha.
Cultura em forma de um cante que vem das profundezas do espírito. E na forma única de tocar a guitarra que tem as formas do corpo de uma mulher. E nas palmas. Batidas em (des) compasso, em (com)passos duma dança, que faz do corpo a exaltação da alma na sensualidade de cada curva dos corpos dos seus dançarinos.
Foi numa marginalidade, característica de um povo nómada, no lado mais escuro, sobretudo nas “cuevas” e nos “tablaos”, que o Flamenco se desenvolveu, se tornou arte e se deu a conhecer ao mundo.
E foi nesse estado quase mítico, numa versão em trio, que Juana Salazar – La Tobala – trouxe o espírito do Flamenco a Sto André. Na sua forma de cantar, de pureza arrepiante, vai buscar ao mais profundo do seu interior a alma do seu povo. O seu lado, Pedro Sierra seu companheiro, dedilha a guitarra com a mestria de um “gitano”. O trio só podia estar completo com a dança violenta e meiga de Pastora Galvan. Sensual e vigorosa, de corpo moldado a um traje típico, respondeu às réplicas da guitarra e aos desafios do cante de La Tobala.
Num dos concertos mais arrebatadores das cextas, o Flamenco esteve em Santo André num estado quase puro, levando os espectadores ao rubro a cada canção, a cada dança.